A polêmica da morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, é reflexo da magnitude e letalidade da violência física. Bernardo tinha apenas 11 anos de idade, foi encontrado morto no interior de Frederico Westphalen, com suspeita de ter recebido uma injeção letal.
A aniquilação dessa criança é mais um caso de violência doméstica. Mas nesse caso em especial, é perceptível o envolvimento de pessoas com influência e posse, Bernardo era herdeiro de um considerável patrimônio de seu pai. O crime foi praticado pela sua madrasta e um cúmplice, e seu pai é co-autor desse delito.
Esse fracasso da humanidade, não se limita apenas a famílias abastadas, pois também acontece nas famílias carentes. Há décadas é evidenciada a violênciafamiliar, a mulher e a criança, que ocorre devida a ausência de uma estrutura no centro da família e também pela falta de atenção do Estado quanto a isso, onde a segurança do cidadão deixou de ser prioridade governamental.
Não se podem negligenciar as denúncias de violência doméstica, pois essa agressividade gera um impacto social imenso, indiretamente todos nós somos afetados, principalmente quando ocorre com crianças e adolescentes. Essas brutalidades formam pessoas repressivas, com diversos traumas psicológicos. Observa-se na população carcerária, que grande parte dessa é formada por indivíduos com histórico de violência na infância, e que estes tendem a apresentar mais problemas psiquiátricos. É evidente que os efeitos da violência familiar na criança podem durar a vida inteira. Esse problema se tornou uma epidemia, no Brasil e no mundo, e nos levantamentos oficiais sobre esse fenômeno não é revelada a verdadeira dimensão desse debate.
A preocupação com essa violência trouxe à tona o problema para toda a sociedade. E quando regressamos na história percebemos que essa agressividade é maior ainda, pois em épocas anteriores as crianças eram moldadas de acordo com a vontade dos pais. Assim como os pensadores modernos, Locke e Rousseau afirmavam “a criança é importante em si mesma, e não meramente como um meio para um fim”, não devemos deixar que essas teorias formadas há tantos anos atrás morram.
Infelizmente, ainda presenciamos essas violências, porém hoje possuímos voz ativa, liberdade, e o mais importante temos consciência. O inconformismo diante dessas situações é enaltecido, e nos faz cogitar no compromisso civilizatório de cada um que constitui uma família, pois a maior dificuldade está nos relacionamentos no seio da família.
Contudo, a sociedade deve se conscientizar de seus atos, para que não repitam os mesmos erros de sempre. Essa é a solução para uma harmonia coletiva, não se deve culpar somente o Estado, apesar desse se ausentar em partes para dissolver a violência. A vida do menino Bernardo foi ceifada brutalmente, que casos como esses sirvam de exemplo para todos os ascendentes e descendentes de uma família para que saibam se relacionar sem violência. Pois essa corrompe a sociedade, tornando-a repulsiva.
Kézia Kariny dos Santos
Acadêmica de Direito, primeiro período
kezia.kariny@hotmail.com